sábado, 16 de junho de 2007

Maria Antonieta e o processo da revolução


Faz mais ou menos 45 dias assisti, em S. Carlos (SP), ao filme "Maria Antonieta", dirigido por Sofia Coppola. Foi o que pensou, a diretora é mesmo um rebento de Francis Ford Coppola e, inclusive, atuou em "O Poderoso Chefão III" como filha de Michael Corleone, papel que os críticos da época consideraram demasiado importante para uma atriz pouco expressiva. É verdade que, como atriz, Sofia Coppola ainda estava verde, tímida, mas é preciso descontar o afeto paterno. O que importa é que Sofia abandonou os palcos e resolveu trabalhar do lado de trás das câmeras, tal como o pai. E, em matéria de direção de cinema, Sofia dispensa a condescendência da crítica.

Terceiro filme da sua carreira, "Maria Antonieta" é um longa-metragem rigoroso, bem desenvolvido e inteligente. Exige do telespectador conhecimento do período em que se desenrola a vida da princesa austríaca que se tornaria rainha da França: o reinado de Luis XVI, às vésperas da Revolução de 1789. O figurino é realmente digno de nota, reflete bem a suntuosidade e as rígidas regras de etiqueta do Antigo Regime. A estética do filme foi particularmente favorecida pelas gravações no Palácio de Versalhes e, inclusive, algumas cenas foram gravadas no famoso Salão dos Espelhos. De todo modo, os franceses não perdoaram o pequeníssimo detalhe de o filme sobre uma das suas mais conhecidas rainhas ter sido rodado em... inglês. E como eles são orgulhosos da sua langue française! Foi motivo suficiente para vaias e assobios ao final da projeção do filme no Festival de Cannes.

Em grandes traços, o longa-metragem retrata a trajetória de Maria Antonieta desde sua partida de Viena (a cerimônia de trocas de indumentárias na fronteira é curiosa...), após acordo diplomático entre a coroa francesa e a austríaca, até a saída da família real de Paris, durante o processo da revolução.

Interessante que é justamente a partir deste ponto que começa a narrativa de outro filme, na verdade, uma grande obra-prima do neo-realismo italiano, “Casanova e a Revolução” (La Nuit de Varennes), do diretor Ettore Scola. As questões envolvidas na trama deste filme são maravilhosas: o Antigo Regime e seus costumes, representado alegoricamente por Casanova (interpretado por Marcelo Mastroianni), o liberalismo da burguesia ascendente, defendido por Thomas Paine, e o observador de toda a confusão da época, encarnado pela figura do escritor Restif de la Bretonne. Scola fez duas versões finais para o filme, uma para os telespectadores do mundo inteiro, e outra especialmente para os italianos. Ambas são impressionantes, sobretudo aquela em que o personagem de Restif de la Bretonne faz reflexão, em livro da época, sobre a natureza das revoluções e estabelece um fictício diálogo com o futuro, justamente com o mundo de 1989. É de encabular a profecia feita pelo escritor...

Um comentário:

sensei allegro disse...

Aqui estoi djo a comentaire o seu post, pequeno filho da pequena burguesia ressentida que infesta a milênios e decênios esta universidade elitista, plutocrática, racista, com imenso complexo de inferioridade ante as hiperpotências imperialistas.
O que posso dizer de sua pequena missiva, este singelo líbelo ante a filha mais dotada de atributos nasais do mais proeminente cineasta ítalo-norte americano em atividade? Bonitinha mais ordinária, como diria o cancioneiro popular... Muita perfumaria, pouca análise estética, com todo o respeito que um ironia pode ter. Sem ressentimentos, se isto é possível e imaginável.
Inté mais, truta, do seu amigo proleta/ressentido.