domingo, 10 de junho de 2007

Esquerda ou Direita?

Li hoje texto esclarecedor, escrito por Débson Luís, sobre a origem e a trajetória das vertentes de esquerda e de direita na política. Intitulado "Esquerda e direita: fundamentos básicos", o artigo dissolve algumas dúvidas recorrentes que confundem mesmo os mais iniciados no reino da ciência política. Aliás, pode existir uma direita oposicionista e uma esquerda governista?


ESQUERDA E DIREITA: ALGUNS FUNDAMENTOS BÁSICOS
29 de abril de 2007

Mais uma vez, estava eu a passear pelas comunidades do Orkut quando me deparei com uma dúvida de um internauta, a qual revelava uma enorme confusão. O sujeito em questão entende que "esquerda" e "oposição" são a mesma coisa. Portanto, para ele, é inconcebível que um partido de esquerda ocupe o poder, já que cabe à esquerda somente exercer o papel de oposição (ou algo parecido).
O termo "esquerda", em primeiro lugar, não é sinônimo de "oposição". O fundamento nasceu, na verdade, no período da Revolução Francesa, mas não no sentido de que os ditos "de esquerda" da época representassem oposição ao governo estabelecido. O conceito foi concebido pelo fato dos Jacobinos (a pequena e média burguesia, que sustentavam a radicalização do processo revolucionário) ocuparem a ala esquerda do parlamento francês, enquanto a ala direita do mesmo era ocupada, em maioria, pelos Girondinos (a alta burguesia, que pretendia implementar reformas mais moderadas). Em outras palavras, os Jacobinos (à esquerda) defendiam propostas mais radicais, tendo em vista o atendimento dos interesses das camadas mais populares, ao passo que os Girondinos (à direita) eram mais conservadores e lutavam fundamentalmente pelos interesses de sua própria classe.A partir daí, toda ação política de caráter mais popular, que visasse beneficiar as classes menos abastadas, recebeu o rótulo de "esquerda". Já as ações de caráter mais conservadoras e elitistas, o de "direita".Na segunda metade do século XIX, surgiram os movimentos operários, orientados pelas idéias socialistas/comunistas e anarquistas ao mesmo tempo em que o movimento liberal ganhava força. Os primeiros preconizavam a "revolução do proletariado" e a conseqüente destruição do capitalismo e o fim do Estado (1); o segundo pretendia a "manutenção do capitalismo" e uma menor interferência estatal nos mais diversos aspectos da vida em sociedade (especialmente nas relações econômicas). Logo, os partidos que se orientavam, principalmente, segundo as idéias socialistas/comunistas, por terem caráter mais popular, assumiram o rótulo de "esquerda", assim como os partidos fundados nos ideais do liberalismo, por sua ligação com a idéia de "reformar" o Estado e "conservar" o capitalismo, ganharam o rótulo de "direita".
Claro que esses conceitos evoluíram e se transformaram ao longo do século XX, mas o que distingue atualmente "esquerda" de "direita" seria, basicamente, o seguinte: aqueles que defendem a idéia de que só é possível resolver os problemas sociais através da atuação do Estado, enfim, aqueles que pretendem promover a "igualdade social" (ou, ao menos, reduzir substancialmente a desigualdade) utilizando como ferramenta o Estado (seja através de reformas no sistema capitalista ou através da implementação de um programa de caráter socialista) são considerados de "esquerda". E aqueles acreditam que com a menor interferência do Estado nas relações em sociedade, e através da livre iniciativa, os problemas sociais se resolveriam “naturalmente” são apontados como sendo de "direita".
Há, ainda, outros dois componentes muito significativos presentes em ambas as linhas (e que abrangem o pensamento como um todo ― e não apenas o aspecto político e/ou econômico): conservadorismo e progressismo. De forma geral, a direita costuma ser bem mais conservadora que a esquerda (proporcionalmente, mais progressista), o que não significa, entretanto, que não haja progressistas à direita bem como conservadores à esquerda. Para citar dois exemplos: à direita, quem segue à risca todos os preceitos do liberalismo é, geralmente, progressista, ao passo que movimentos esquerdistas ligados à Igreja tendem a adotar uma postura mais conservadora (basta observar questões como a legalização do aborto ou a adoção de crianças por casais homossexuais).Regimes democráticos, como o brasileiro, geralmente têm a característica de "rotatividade de poder", ou seja, ora partidos de esquerda ocupam o comando do Estado, ora os de direita. Isso depende, evidentemente, da vontade popular, expressa nas eleições. Quando um está no poder, o outro faz oposição. Mas nem sempre "situação" e "oposição" obedecem a essa lógica (ao menos aqui, no Brasil). Isso depende muito de acordos que são costurados, além de pequenas diferenças ideológicas e/ou programáticas dentro da própria linha de pensamento. Por exemplo: em tese, o PSDB, que é o principal partido de oposição atualmente, é um partido de esquerda, visto que "social-democracia" é uma vertente de caráter esquerdista, enquanto que o ex-PL (atual PR - Partido Republicano) é um partido de direita e forma a base de apoio ao governo do PT (tradicionalmente quisto como sendo de esquerda). Parece contraditório, não? De fato é. E isso denuncia quão superficial é a postura ideológica/programática de nossos partidos.
A única maneira de haver mais seriedade, em função de um aprofundamento maior, é por meio de uma extensa reforma política. Enquanto ela não vier, será este circo que aí está.
1 - É interessante observar que a necessidade de dar cabo do Estado é deixada de lado pela esquerda no decorrer do século XX. Em parte, isso se deve, provavelmente, à experiência do chamado "socialismo real", que não conseguiu levar adiante a proposta de Marx: a de implementar uma sociedade sem Estado (comunista, de fato). Além disso, após o desmoronamento do bloco soviético, em 1991, a social-democracia (que sempre propôs a reforma do capitalismo a fim de promover justiça social) ganhou novo fôlego e, para esta vertente, o papel do Estado nessa transformação é fundamental.


(Publicado em http://br.manifesto.zip.net/)

3 comentários:

sensei allegro disse...

Aqui é o Henrique. Adiante publico o endereço do meu site:

http://tudooquefoidito.blogspot.com/

P. disse...

Esquerda ou direita?
Na dúvida, segui em frente.
Em poucos metros cheguei em casa,
(não muito) sã e salva e feliz.

GRACENILDO disse...

APÓS A INTENSIFICAÇÂO DA FISCALIZAÇÂO DA POLICIA RODOVIARIA, FICOU BEM MELHOR A CIDADE. PENA QUE OS QUE ANDAM DE MODO IRREGULAR COM AS NORMAS DO C.T.B, ACHAM RUIM: COM A CONVERSA QUE TIVE COM O COMANDO RODOVIARIO, É QUE A PROXIMA SEMANA, VAI TER MAIS RIGOR PERANTE A LEI DE TRANSITO: ESPERO QUE OS POLITICOS DESTA CIDADE NÂO SE ENTERVAM NO QUE TOCA AS LEIS DE TRANSITO, QUE É NACIONAL (FEDERAL). ESPERO QUE OS POLICIAIS DE TRANSITO AJAM COM RIGOR, ATÉ PORQUE A VIDA PEDE PASSAGEM. "VEJAM AS MAIORES INFRAÇÔES COMETIDAS". (SEM C.N.H, VEICULOS ATRAZADOS, PASSAGEIRO DE MOTO SEM CAPACETE, VEICULOS SEM O C.R.A(CERTIFICADO DE REGISTRO ANUAL), SEM UZAR O SINTO DE SEGURANÇA, COM CALÇADOS QUE NÂO SE FIRME NOS PÉS, AS MOTOS COM FAROIS APAGADOS); OBS: OS MAIORES DE IDADE QUE CONDUZ VEICULOS SEM A C.N.H PODEM SEREM LEVADOS A DELEGACIA DE POLICIA. PORQUE É CRIME DE TRANSITO. AGORA IMAGINE UM POLITICO QUERER DEFENDER ALGUEM QUE COMETE UM CRIME.